terça-feira, 2 de novembro de 2010

As pessoas...


Pessoas passam, a vida inerte.
Incessante essa busca de renovação.
As pessoas insistem permutar identidades.
Fazem expor, repor, vendem emoção,
mentem suas idades

Um navio em alto mar,
com suas ondas modulam amar.
Pessoas nadam, exploram o espaço
e descontroladamente iludem, recusam laços.
Prefiro olhos. As pessoas...

Como o vento no balançar
de suas madeixas à tocar.
As passagens de passagem estiveram,
pelos cantos da terra quiseram
ao menos uma vez. Percebi.

Livre e sensível, veloz inatingível.
Sutil bicar. Sugue belo Beija-Flor!
Corte voando, voe cantando. Invisível?
Asas tanto batem que repetem.
Mal existem? Abençoados eternizam-se, refletem.

A representação das ações marcantes,
a constelação das ações instigantes.
Pessoas denotam território. Inexpressivo movimento.
Agem faltosas incansáveis pela insaciedade.
Uma população danificada de variedades.

Esquadrinho-me então enquadrado nestas linhas,
atolado, por algo, algum metro,
metrificado, por este suave aconchego.
Da parede interposta entre nós.

São perfeitas aquelas rápidas pessoas?
São especiais monstros mutantes universais?
Acho, penso, tudo tão tenso.
Daqui não quero, me arremesso

Isso! Vai e se esvai jovem!
Nisso mergulhamos incontestáveis. Fugazmente homem.
Impulsivo, corrompido, enfraquecido. A. O.
Mescla mesclado de odores brutais.
Resto retido de lutas banais.

Esqueça! O comovente é vulgar.
Vulgares são seus alienígenas sentimentos.
Corriqueiros são os afetos declarados.
Imaturos são aqueles poemas declamados.
Sujeitos ultrapassados? Não possuem consentimentos.

Provavelmente investimentos puros em intenção
a longo ou preparado tempo
igualam-se aos versos dispersos imersos
sem direção.
Forças lânguidas e desmedidas guerrilham

O fruto concebido
O luto permitido

As pessoas...

Acessíveis no pontual discurso clássico,
corruptos vilões, sois neve escura
enrijecendo os coitados corações trágicos.
Logo não se vê inocência.
Não mais.

Perdeu-se no abismo da indiferença.
Pessoas...
Pra que se preocupar inútil?
Vale a pena sua presença?
Ainda tenho comigo mais mil.

Estou apressado, privado de confete.
Inúmeros são os números somatórios.
Qualidade em quantificar coisas humanas,
vaidade em privilegiar roupas mundanas.
As pessoas...

Tá, já entendi quase tudo.
A indiferença diária concebe distanciamento
e a proximidade não perpetua
por se achar inapropriado algum estreitamento.
As nuvens se espalham.

Folhas pelo chão caídas arrancadas
no vazio opaco sem corpo,
que de morto somente sopro
aquiesce encher as magias destroçadas.
Mágico amor. Pavor hoje denominar amor.

Fútil é merecer antiquado ritual,
acreditar nesta seita minimamente mortal.
Me mostre somente um motivo
para crer em tal crivo.
Nego denegando sua presença

Roda, roda no sujo contemporâneo.
A crítica que você precisava.
Vive, vive no poço subterrâneo.
A notícia que você repudiava.
Ainda existem guardiães do Sol.

Descobri indignado a fórmula traiçoeira.
Ser rápido como todos ratos.
Devoram desfazendo ligeiros seus rastros.
Descobri repugnante escola de ratoeiras.
Imagem pestilenta e dominante.

Agora, de agora em diante
as noites não serão breves,
irão perdurar eternamente reproduzindo toques,
concederão contato, mais que semblantes,
os habitantes aceitarão o choque.

Preste atenção, queira e ouça,
o leve sussurrar das espécies.
Cada respiração um fascínio descreve-se.
Faça a fusão e espere.
Não tema, acalme-se.

Pessoas...
As...



M. F. C.

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