quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A cena


Ele não sabia não exagerar, não sabia sentir pouco, não sabia esperar, sua inocência se resumia na força e impulsão de mostrar o que dizia e queria seu coração. Quantas vezes se sabe amar? Quantas vezes o amor bate à sua porta? Isso que se diz amor, na verdade não se é o que transmite uma simples, mera e relez palavra. O amor é uma armadilha? São apenas trilhas que te levam a um destino, te faz imaginar que é o único e capaz local que se mostra eterno e insubstituível. É tudo um sonho, quando você acorda e olha ao seu redor, vê que tudo não passou de uma situação passageira, e avista logo outro momento, outra situação. A cena se repete, e de súbito surge a impressão de que tudo o que está acontecendo já aconteceu antes. A história continua, os capítulos com sensação de já vistos reservam novas emoções. Ele caía e se levantava, inúmeras vezes a queda antecedia seu reerguimento. Ele conhecia os atalhos para mover-se do passado. Substituir, mesmo sem querer era seu segredo, sua fórmula para persistir na idéia utópica do amor, era um ser de amores; mesmo a contragosto, contra o que preconizava, era seu existir. Após a descoberta e decepção, lhe restava sempre substituir, sua cura para amargura. “Nossas relações são permeadas por relações substitutivas”. A cena se repete? O amor estaria lhe reservando uma outra armadilha? Este ar emite um aroma peculiar, exala um cheiro familiar. A cena se repete? O risco de amar.


M. F. C.

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